No início dos tempos, nas terras ancestrais de Yorùbá
Onde os Òrìṣàs caminhavam entre os mortais,
Nasceu uma história de amor, dor e redenção,
Entre Oyá, a deusa dos ventos e das tempestades,
E Şàngó, o Òrìṣà trovão e do fogo.
Oyá, a divindade de olhos penetrantes,
Guardava em seu coração um fervor tempestuoso,
Como os ventos que ela comandava,
Sendo o caos e a ordem em um só ser.
Era a esposa de Ogun, o senhor da guerra e do ferro,
Mas sua paixão ardente não encontrava eco em Ogun.
Ogun, o orixá das forjas e das batalhas,
Era metódico, austero, e dedicado ao seu trabalho.
Seu amor por Oyá era verdadeiro,
Mas não era o suficiente para domar a tempestade
Que rugia dentro dela, clamando por algo mais.
Assim, as brigas entre Oyá e Ogun tornaram-se frequentes,
As faíscas do atrito eram visíveis aos olhos divinos,
Até que um dia, numa explosão de raiva e mágoa,
Oyá decidiu partir, buscando a liberdade
Dos ventos que sempre a acompanhavam.
Ela vagou por vales e montanhas,
Seguindo o chamado do seu coração indomável,
Até encontrar Sango, o deus do trovão,
Cujos olhos eram como brasas vivas,
E cujo riso era como o som de trovões distantes.
Sango, com seu carisma avassalador,
Era tudo o que Oyá desejava e temia,
Um reflexo de sua própria alma indomada.
Ele viu em Oyá a força dos ventos e das tempestades,
E soube que ali havia algo mais que uma mera atração.
A primeira troca de olhares entre os dois
Foi como o encontro do raio com a tempestade,
Um choque de energias que reverberou por todo o cosmos.
Sango cortejou Oyá com uma paixão incontrolável,
E ela respondeu com igual fervor,
Deixando para trás os resquícios de sua vida com Ogun.
O divórcio entre Oyá e Ogun foi inevitável,
Como o ciclo das estações que não pode ser evitado.
Ogun, com seu coração pesado, aceitou o destino,
Sabendo que o fogo de Oyá não poderia ser apagado
Por suas mãos forjadoras.
Sango e Oyá tornaram-se amantes e guerreiros,
Unidos pelo fogo e pela tempestade.
Juntos, dominavam os céus e a terra,
Com Sango empunhando seus machados de trovão,
E Oyá controlando os ventos que guiavam suas batalhas.
A união dos dois trouxe equilíbrio e caos
Para o reino dos orixás e dos mortais,
Como uma dança eterna de poder e paixão.
Sango, em sua majestade, encontrou em Oyá
A única que podia igualá-lo em coragem e força.
Oyá, por sua vez, descobriu em Sango
A chama que faltava para completar sua tempestade.
Seu amor era como um turbilhão,
Intenso e devastador, mas também criador,
Capaz de dar origem a novas paisagens após a destruição.
Nas noites de tempestade, quando os ventos uivavam
E os trovões rugiam no céu,
Os mortais sabiam que Sango e Oyá estavam juntos,
Dançando sua eterna dança de amor e poder.
Assim, a história de Oyá e Sango perdurou,
Um testemunho do poder do amor
Que transcende barreiras e desafia destinos.
Na mitologia Yorùbá, seu amor tornou-se um símbolo
Da união perfeita entre forças complementares.
E assim termina esta balada de amor e destino,
Onde ventos e trovões encontram harmonia,
E onde Oyá e Sango reinam soberanos,
Unidos para sempre pelo fogo e pela tempestade.
